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A HISTORIA DO BAIRRO SAO FRANCISCO DE ASSIS LEVANTADA POR MIM ,AS CRIANÇAS E MORADORES

                                                                     


Escola: Municipal Luiz Viana Filho – Ensino Fundamenta/Séries iniciais
Bairro São Francisco
Município de Irecê, Estado da Bahia
Profª: Vera Lúcia Vasconcelos Pereira
Grupo 09 Turno: matutino. Turma B
Direção Maria de Fátima Coutinho e Alexandro Pereira da Silva
Coordenação: Leidjane e Alessandra Rosa Rodrigues
Projeto: Histórias de vida:
Tema: [1]Pesquisa de campo – Levantar a história do bairro
- coleta de informações com os moradores do bairro
Disciplinas: História e Geografia
Duração: 4º bimestre/2008

HISTÓRICO DO BAIRRO SÃO FRANCISCO DE ASSIS
É essencial uma criança sentir que a sucessão de anos que passa na escola lhe permite efetivamente entender o contexto onde vive apropriar-se da realidade que a cerca.
A criança, mais que o adulto que tem oportunidades de conhecer diversas regiões, interpretar o mundo pela cidade ou pelo bairro onde mora.O seu espaço de referência é o espaço local.(Ladislau Dowbor)

O bairro foi fundado em abril de 1982 por Joacy Nunes Dourado que atendendo a reivindicação da Srª Belzair Damasceno da Silva junto a mais onze senhoras, ambas vivendo em situação subumana em barracos de lona e papelão num terreno baldio nas imediações do Ginásio de Esportes de propriedade do Sr. Itamar Saraiva. Dona Belzair conta que não suportava mais a situação de miséria e humilhação que vivia e via as pessoas passarem.


ADona Belzair contando a história da fundação do bairro às crianças




A Dona Belzair contando a história da fundação do bairro às crianças

Em reunião na prefeitura com aproximadamente quarenta duas mulheres lideradas por Dona Belzair, é feito um sorteio em que cada uma dessas mulheres recebe o seu lote equivalente a 7m de largura e 25m de cumprimentos. E assim que é loteado o terreno, foi entregue a documentação.
Com ajuda do Projeto Rondon os lotes foram demarcados pelo engenheiro o Sr. Totônio, esposo da Srª Iara, ambos paulistas, mas que residiam aqui na cidade de Irecê.
No dia 03 de abril de 1982 o Prefeito Joacy manda as caçambas da prefeitura para fazer a mudança das famílias para cá. Cada família construiu seu barraco de lona, tábuas e papelão, com exceção da casa de Dona Belzair que foi construída de madeira doada pela TRAMIL. Não tinha luz elétrica e nem água, a água disponível era de uma cisterna pertencente ao Sr. Antônio Diniz.
Segundo o Sr. Antônio Pereira aqui era uma capoeira, só tinha mato, foi desbravado e as árvores transformadas em toras de madeira que era doada as pessoas para fazer lenha.
 Quando aqui se instalaram já existia seu Adão e sua família que trabalhavam numa roça pertencente ao Sr. Tiago onde plantava mamona. Esse morador ainda reside no bairro, mas se encontra paralítico, não anda e nem fala.
 
O Sr. Adão sendo visitado pelas crianças-22-11-2008
 Os imigrantes que aqui chegavam de várias partes do nordeste brasileiro com o saco nas costas à procura de emprego e moradia, invadiam a área não demarcada e construíam seus barracos. Por esse motivo a divisão Malvina 1 e Malvina 2. O nome “Malvina” porque nessa mesma época segundo noticiários da época, os argentinos invadem as Ilhas Malvinas situadas no Atlântico Sul ao largo da costa Argentina.
As Ilhas são povoadas por britânicos e constituídas por duas ilhas grandes e várias menores.  Essas ilhas localizam-se no extremo sul do Oceano Atlântico chamadas Falkland pelos britânicos e Malvinas pelos argentinos, são objeto de uma briga de duzentos anos entre Londres e Buenos Aires que reivindicam sua jurisdição. A maioria dos habitantes da ilha fala inglês e é formada de súditos britânicos.
Aqui as brigas eram causadas por disputas pela área de terra demarcada ilegalmente, como também revolta causada pela miséria.


  Bairro São Francisco -2008
                                                                                        
 Os moradores do bairro viveram momentos difíceis, tanto de sobrevivência, quanto de deslocação ao centro da cidade, não tinha emprego, para sobreviver. Os homens trabalhavam de bóia fria descarregando cargas de caminhão e carretas. As mulheres em sua maioria ficavam em casa, outras trabalhavam como oleiras ajudando os maridos. Essa olaria foi idéia do Pe. Pedro que conseguiu o terreno junto à prefeitura propício à construção de adobes e alvenarias. A produção era dividida meio a meio, 50% era destinado à igreja e 50% era para o trabalhador.
 A maior área era do terreno vizinho ao bairro (leste) que servia de depósito de lixo hospitalar, esse lixo era jogado a céu aberto propenso á doenças, pois as moscas invadiam as moradias em grande quantidade.



   Terreno baldio- depósito de lixo – bairro S, Francisco de Assis



  
     No governo do Sr. Hildebrando Seixas (Doinha) -  1983/1987 dá-se continuidade ao trabalho iniciado por Joacy Dourado. O Senhor Prefeito Hildebrando Seixas, tomando conhecimento do lixão manda aterrar. Contribui com a construção de 20 a 30 casas populares. Essas casas são entregues somente levantadas, sem reboco.
Foi criada estratégia de geração de renda como emergenciais, com o intuito de favorecer meio de sobrevivência aos moradores. É proposto cavar o barro da olaria e deixar no ponto de fazer adobes, com isso recebia uma contribuição em alimento e mais uma quantia em dinheiro equivalente a R$15.000 (quinze cruzeiros).
Mais ajuda é oferecido, os vereadores do governo dessa época, os senhores Valdinho de Nonô, João Sena e o funcionário da prefeitura Edmilson fazem distribuição de mais cestas básicas para amenizar a fome, visto que a situação era de calamidade. Outros dois estudantes da ESAGRI (Escola Agrícola de Irecê) irmãos de José Ângelo comovidos com a situação ajudam fazendo doções de verduras e frutas.
Nesse mesmo governo o deputado Nobelino Dourado traz a energia elétrica após cinco anos de escuridão.
Foi construído o Chafariz no lugar que hoje é a quadra poliesportiva, o povo deixa de consumir água da cisterna e passa a enfrentar filas enormes para apanhar água no chafariz.
Padre Pedro e Dona Berna desenvolvem um trabalho de conscientização e assistencialismo sendo intermediários nas reivindicações de melhoria junto a sociedade civil.
A primeira escola do bairro foi instalada na igreja “São Francisco de Assis” em 1987 com turmas de alfabetização, primeiras e segundas séries, haja vista o grande número de crianças que estavam fora da sala de aula e não havia o local para estudar.

igreja Católica- São Francisco de Assis-2008

 A maioria dos professores era leiga. Aqui houve moradores primos da cantora Elba Ramalho, a Senhora Maria do Caroço e os seus filhos que estudaram na primeira escola, um deles, José Nilton que ainda vive na cidade.
O primeiro prédio escolar é construído em 1990 por Hildebrando Seixas (DOINHA) no mesmo local da atual escola-(Luiz Viana Filho) onde hoje é a cozinha, e funcionava como creche num turno e no outro, sala de aula com turmas de alfabetização à 2ª série. A creche foi fundada e gerenciada por Padre Paulo. Em 1991 passa a funcionar com o ensino fundamental sob direção do Sr. Wilton Wagner Dourado.
 Ao nascente da creche foi construído um posto policial devido as brigas constantes entre as famílias.
O Sr Luiz Sobral Bezerra quando prefeito no período de 1988 à 1996 manda derrubar o posto policial com a justificativa de que não seria necessária a delegacia, e sim, uma escola de qualidade para os jovens e crianças estudarem. Constrói a escola com cinco salas de aula, dois banheiros, e mais três saletas onde hoje funciona a secretaria, direção, e almoxarifado, inclusive a quadra esportiva que antes a área era usada para plantar batatas, cana, milho, mamão e feijão pelas merendeiras Belzair, Marinalva e os vigias Joaquim e valdemir. Esses alimentos eram usados para fazer a merenda das crianças.
Constata-se ao ouvir depoimentos de moradores e pais de alunos que a escola, além de não possuir uma estrutura física de qualidade como justificou o prefeito que a construiu, o ensino/aprendizagem não correspondia às necessidades e a realidade dos alunos e alunas.  Segundo depoimentos de moradores do bairro, o tratamento dado aos alunos pelos professores era desrespeitoso, muitas vezes vítimas de preconceito, principalmente as crianças maltrapilhas e negras. A carga horária não era cumprida, davam aulas até o horário do recreio, ou seja, ate às 10h. No turno vespertino muitos deles não compareciam à escola, embora seus salários fossem pagos como carga horária completa.
Diz dona Belzair que muitas vezes chorava de tristeza quando acreditava que o papel do professor era de educar com sabedoria e amor, no entanto o que ela presenciava era descaso por partes dos mesmos que não proporcionava boas aulas e muito menos um bom recreio, e atribuía o não aprendizado aos pais e alunos, embora sabedores que muitos dos alunos estavam com fome e seus paus estavam correndo atrás do pão de cada dia. E o que mais doía segundo ela, era saber que ali tinha crianças com dois ou mais dias sem ter o que comer e que, muitas vezes era tirado da fila na hora de pegar a merenda com modos grosseiros. Por ser vítima de preconceito ela conta que os filhos dela tiveram que estudar fora da escola onde trabalhava como merendeira. E foi difícil, porque além de ser longe, não tinha acesso ao transporte.
Sentia que os professores não demonstravam interesses de mudar aquela situação, ao contrario, reforçava. Os pais de alunos eram discriminados pela pobreza. Quando era necessário levar os alunos a algum evento de punho político ou outro evento, os seus professores ao invés de incentivar o pensamento crítico, orientar na reivindicação de melhorias, se escondiam, não se apresentavam como mestres dessa ou daquela turma. Quem os acompanhava eram as merendeiras comovidas com descaso.
Esse quadro começa a mudar quando Adalberto Lelis ganha a eleição em 1997. A escola sob direção do senhor Aluizio Carlos e posteriormente do senhor Edvanilson Alecrim é ampliada e reformada, favorece a formação continuada, contrata funcionários e professores através de concursos públicos ou contrato por tempo de serviço.
Nos anos de 2006 à 2008 no governo do senhor Joacy Dourado nas gestões do senhor Gervásio Mosine e atualmente da senhora Maria de Fátima Coutinho a escola já apresenta grande crescimento, porém é preciso ser revisto vários aspectos no que diz respeito ao espaço físico.
O bairro não tinha representante na comunidade, Dona Belzair foi a uma das primeiras moradoras a participar das causas sociais e sempre reivindicando melhorias para o seu povo. Dedicou-se ao papel de voluntária ao presenciar e vivenciar as angustia e sofrimento, tanto dela, quanto dos moradores.
Junto com ela havia Dona Laurinda Ferreira que acompanhava toda essa história como partícipe nas buscas para resoluções dos problemas. Carlota Ferreira filha de Dona Laurinda aprende com ela a arte de ajudar o próximo e continua desenvolvendo ação solidária em prol do seu povo. Muitas vezes acompanhava Dona Belzair as idas as meia noite ao Hospital Regional de Irecê em socorro aos doentes. Numa dessas ações Dona Belzair num ato de coragem e nobreza se junta a mais duas senhoras e faz o parto de uma criança que nasce debaixo da lona, a primeira criança nascida no bairro que recebe o nome de Valmir Pereira. A segunda criança é sua filha Rosângela Damasceno, ambas cresce com o bairro.

Outro voluntário nas ações sociais foi o senhor Antônio Diniz que segundo pessoas que conviveram com ele, não media esforços para ajudar ao próximo, tanto que foi homenageado em votação popular com seu nome dado ao Tele Centro instalado na comunidade em setembro de 2008


Tele Centro - Antônio Diniz - bairro São Francisco de Assis-2008



O bairro foi crescendo no sentido de reconstruções das moradias, já eram refeitas com adobes e alvenarias e outras construções foram surgindo com estruturas mais dignas. A situação sócio - econômico - cultural já apresenta suas melhorias.
 O bairro atualmente apesar de ainda apresentar suas dificuldades no sentido de geração de emprego e ensino/aprendizagem de qualidade apresenta outra visão. Já possui uma estrutura organizada na formação geográfica das ruas, praças casas residenciais e comerciais.

        Quadra poliesportiva 
Escola -Rua Horácio Fernandes
          



A religião se expande, além da igreja católica existem mais quatro igrejas evangélicas – Adventista, Assembléia de Deus, Pentecostal Visão Celestial.
Existe a cultura do Candomblé trazido por Dona Florizete que migra de Cachoeira de Paulo Afonso em Salvador para cá em 1984. De início mora no bairro Fundação Bradesco onde desenvolvia o Candomblé. Veio para cá em 1987, mas não desenvolve mais seus manifestos devido à grande decepção sofrida em sua vida, segundo ela a filha lhe rouba o marido e sua vida desmorona e ela perde as forças, mas acredita que irá conseguir ajuda dos políticos para aumentar sua casinha e continuar com o candomblé, visto que é uma cultura de origem africana que tem seus encantos e beleza. É tradição no Brasil, principalmente na Bahia.
È fundada a Salgadeira em março de 2001. Atualmente possuem 29 funcionários com carteira assinada. A Salgadeira é uma filial gerenciada pelo Sr. Francisco e Srª Celma de Lima Sales vindos de Paulo Afonso na Bahia onde fica a Matriz de propriedade dos Senhores Luís Paulo e Roberto. A filial é instalada no bairro por incentivo de seu primo Raimundo que diz ser um local propício por não ser habitado. O trabalho da salgadeira é comprar couros de bois
e peles de bode e carneiro na região de Irecê e fazer a exportação para os curtumes dos Estados de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Ceará. Aqui é ressalgado com dois tipos de sal, o comum chamado sal de cozinha e o sal bicarbonato, esse último é usado somente 2% para conservar o couro fresco para a viagem longa. Os couros são vendidos a R$ 0,10 o kg. Cada couro chega a pesar de 20 a 50 kg. conforme o tamanho do animal.
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Salgadeira- bairro São Francisco



Salgadeira- bairro São Francisco

Salgadeira- bairro São Francisco



Salgadeira- bairro São Francisco
Salgadeira- bairro São Francisco

 Geograficamente o bairro fica situado ao leste da cidade de Irecê. Limita-se ao norte com as terras do Senhor Benjamim, ao Sul com o bairro Boa Vista, ao leste com o bairro Novo Horizonte e ao Oeste com a antiga roça do Sr. Juarez, hoje pertencente ao Sr. Joacy Nunes Dourado.
O nome do bairro foi dado pela irmã Irene, uma freira que pertencia a ordem Franciscana. Ela chega aqui na década de 80 para ensinar a catequese e junto a ela mais três enfrentantes orientadas por ela- Jucielda, Aparecida e Idenildes. Resolve apelidar o bairro de São Francisco de Assis por ele ter sido um homem que abdicou de sua riqueza dedicando toda ela a pobreza. Mais tarde Amarai leva ao conhecimento da câmera de vereadores de Irecê e consegue registrar em documentação.
Os alunos do grupo 09B- conhecendo as árvores típicas do bairro-abril-2008


Juá
Fedegoso
Sãojoeiro


  


                                                                                                                                                                                                                                 
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  
                           
Referências
Guerra das Malvinas: Educaterra.terra.com.br;-Guiadoscuriosos.com.br acesso-06/11/2008
Pesquisa de Campo - realização: alunos e professora do grupo 09B. Fonte de informações: moradores do bairro São Francisco de Assis: Antônio Pereira, 67 anos, Florizete Oliveira Silva, Belzair Damasceno, Carlota Ferreira da silva, Edivaldo Faustiniano de Souza – 63 anos, Francisca Pereira dos Santos-63 anos, Francisco e esposa Celma de Lima Sales, Profº Neilton. Out/Nov/dez/2008
























[1] Pesquisa elaborada pela Profª Vera Lúcia Vasconcelos junto aos alunos e alunas do grupo 09(3 ªsérie) Ensino Fundamental/Séries Iniciais. Informações de dados – moradores do bairro São Francisco de Assis na cidade Irecê/Bahia - 03/04/05/10/2008.






















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