UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA UFBA/IRECE CICLO-05 ATIVIDADE – PORTUGUÊS BRASILEIRO EM DEBATE PROFª KARINE SILVEIRA CURSISTA-VERA LÚCIA VASCONCELO
Entendo
que a linguagem é um conjunto de signos representado por um povo em
determinada civilização para comunicar entre si, e a língua é a maneira
de interpretar através da fala esses signos e seus significados gerando
assim um conhecimento.
No Brasil houve várias contribuições para a formação da língua
começando em 1.500 com a chegada dos padres Jesuítas nas colônias
portuguesa no Brasil que manteve a língua já existente, o Tupi Guarani
tida como língua Geral, adaptando-se a ela a língua portuguesa.
Com a proibição da língua geral pela coroa de Portugal, o português
ficou sendo mantido como língua padrão, embora herdando da língua
indígena palavras ligadas a flora e a fauna. Além das contribuições dos
índios e portugueses, também os escravos vindo da Nigéria acrescenta a
essa duas linguagens representada na língua falada a cultura africana
relacionadas a religião, comidas e festejos. Com a chegada da família
real no Brasil em 1808, gera uma mistura da língua falada no Brasil, ou
seja, permanece a língua padrão, que é o português, embora com
adaptações das duas culturas indígenas e africanas. A família real ao
chegar traz consigo nova cultura e possibilita uma reaproximação entre o
português de Portugal e o português do Brasil que na sua formação
apresenta heterogênea, essa cultura que muito influenciou no português
brasileiro, deixando as contribuições, como variedades de dialetos,
sendo que o português de Portugal só possue uma vertente, seguindo o seu
padrão lingüístico, tanto dentro da sua comunidade, quanto no
relacionamento com outras comunidades luso falantes. Essa compreensão me
fez refletir sobre a nossa maneira de falar e de escrever respeitando
os dialetos, ou pelo menos tentando dentro desse novo conceito de
sociedade contemporânea, mas também, tendo a preocupação de não deixar
cair no acaso os padrões lingüísticos que a eles são necessários uma
reformulação dentro do mundo contemporâneo derivados da diversidade de
apropriações da língua falada e escrito. Enquanto que no Brasil, o fator
sócio cultural não permite ao seu povo o ingresso a uma educação de
qualidade, podando assim, a inclusão cultura imposta e não
descentralizada.
A maioria da população não tem a cesso aos fatores básicos necessários
a sua própria sobrevivência, quiçá ao domínio da língua culta.
Na minha opinião, norma culta é e não deixa de ser uma expressão que
soa com uma certa beleza, e até seria, se não existisse a centralização
do saber nas mãos de poucos, ou melhor, dizendo, o menos favorecido fica
a mercê dos que detém o poder. E além do país não investir na educação,
os sábios ou não, taxa indiscriminalmente como preconceito os dialetos
locais provenientes de uma cultura popular. Ou os dialetos serão
respeitados e acatados como saber nato e revistos na escola pelos
educadores respeitando as diferenças de cada individuo ou povo ou, aí
sim haverá o exímio total da nossa língua, porque os gramáticos não se
dão conta das mudanças e teimam em manter os padrões lingüísticos, os
quais já não se usam mais nem mesmo pelos “cultos”
Segundo Karine citando Bagno “Não é difícil perceber que a norma culta
por diversas razões de ordem política, econômico, social, cultural é
algo reservado a poucas pessoas no Brasil” (Karine apud Bagno)
Essa colocação me fez repensar nas aceitações da língua falada de
jovens e crianças de escolas públicas que ingressam na escola com sua
própria maneira de se expressar, e que às vezes sou cruel, não tão
somente com os alunos, mais comigo mesma quando inquieta - me o uso
apropriado da tal língua culta, levando a questionar a aprendizagem,
podar a criatividade expressamanente falada. Acredito que resta a mim
como professora/educadora saber lidar com essas diferenças, e como disse
antes, não deixar cair no acaso enquanto não tiver regras gramaticais
menos elitistas, e mais popular culta, ou seja, acreditar no que é
obvio, rever o português do Brasil. Com a leitura proposta por Karine
alertou-me para o conhecimento e discernimento do porque do português
brasileiro e o português de Portugal, que mesmo sendo língua padrão,
vem sofrendo ao longo da historia várias influencias, tanto no
vocabulário, quanto hábitos e costumes. O que deixa uma preocupação
grande foi quando li “numa lista de paises elaborada pela ONU, o Brasil
ocupa o 93º lugar em índice de escolarização, ficando atrás até mesmo de
paises como Etiópia. Só que o Brasil é uma das maiores riquezas do
planeta” (Karine apud Bagno, p.106/107) Se nosso País, o Brasil é de
tamanha riqueza, e se a lei diz que a educação é um dever do Estado,
como se explica a caoticidade educacional? Esse paradigma lei/
cumprimento? Será a culpa nossa que constituímos a massa e nada, ou tão
pouco fazemos para mudar essa realidade? Chego a sentir angústia, culpa e
incapacidade, até raiva quando fico informado de fatos como esse tema
da tese da professora e doutora Karine.Talvez não passe disso, a cada
ano eleitoral, os movimentos se acentua em compra e venda de votos e as
escolas que tem o dever de combater esse câncer que tanto corrói o seio
da nação, chamado de corrupção e violação dos direitos humanos, muitas
vezes reforçam o poderio abusivo, a exemplo disso, cito aqui o
desrespeito as nossas crianças quando na vista ao Tabuleiro Digital, em
que tive de levá-las a pé no sol escaldante, porque a elas foi negado o
meio de transporte, devido a burocracia imposta, e no entanto esses
meios de transportes são de livre acesso em épocas de divulgações e
festividades públicas em que não se ver benefícios, e sim, o
exibicionismo exuberante, dos poucos que a fala detém, parecendo mais
uma lavagem celebral, do que realmente o dever que lhes cabe de
proporcionar melhorias e vida digna aos menos favorecido que tanto sofre
as mazelas governamentais em relação a uma educação de qualidade.E o
que mais me espanta são os gráficos mentirosos divulgando um índice de
inclusão social que na verdade não existe nem na educação, nem na
merenda de qualidade. Fico a observar o cardápio da merenda da escola
onde trabalho e me questionando, será que quem o elaborou pensou de
fato que as crianças quanto mais carentes, é que precisam se alimentar
melhor? Ou foi baseado na tese de que enquanto mais economia fizer para
os cofres públicos mais gordos será o seu salário? Como pode um cadarpio
destinado às crianças em fase de desenvolvimento ser cuscuz seco com
margarina e suco? Só mesmo a fome faz descer goela baixo.
Enquanto o preconceito lingüístico ficou esclarecido, se não no total,
mas em conjunção as pontuações nesse curso de que cultura pode e deve
desassociar da “norma culta” a depender da taxa de sabedorias populares
de cada lugar e somando a esses saberes culturais, outros saberes,
outras povoações e até mesmo a norma culta reissinginificada, ou que à
língua padrão, seja compreendida pelo seu emissor e que a ela venha a
acrescentar a maneira de escrita e pronuncia adequando aos padrões
normativos da língua, como fez entender Karine quando propôs a leitura
dos PCNS
de Língua Portuguesa. E agora com outro olhar constato em que nenhum
momento são mostrados conteúdos e sim funções de uso nas práticas
sociais, ou seja, o que se escreve ou ler tem que saber pra quem,o
como,o porque e o poraquê, e para melhor dizer, toda leitura e escrita
tem uma funcionalidade. Fazendo essa reflexão vejo a dificuldade que
tenho de registrar na caderneta os conteúdos específicos, ora registro
”leitura” como conteúdo. Sou orientada pela coordenação que sugere como
conteúdo “expressão oral,” comprovo que nenhum dos dois estão
coerentes, todos dois são metodologias. E ai, que conteúdo registrar?
Apelei para os livros didáticos e só encontrei conteúdo gramatical e
ortográfico. Leitura e expressão oral são conteúdos, estratégias ou
metodologias? De uma coisa estou certa, por experiência em sala com
crianças de sete a anos de idade que só vai ler lendo, escrever,
escrevendo e que para que isso ocorra, venho preocupando em oferecer
subsídio que possibilite o acesso à leitura, produção escrita e revisão
de textos em que na singularidade proponho o enriquecimento com outros
textos (noticias, cartas, receitas piadas, poesias, contos clássicos e
contemporâneos, a própria socialização das próprias crianças, etc) para
depois partir para uma correção coletiva ou individual, não com isso
dizendo que não desenvolvo atividades de ortografia e a gramática
dentro de um contexto, como cita Karine no seu texto
“Algumas
pessoas me dizem que a eliminação da noção de erro dará a entender que,
em termos de língua, vale tudo. Não é bem assim. Na verdade, em termos
de língua, tudo vale alguma coisa, mas esse valor vai depender de uma
série de fatores. Falar gíria \vale? Claro que vale: no lugar certo, no
contexto adequado, com as pessoas certas. E usar palavrão? A mesma
coisa”. Uma das principais tarefas do professor de língua é
conscientizar seu aluno de que a língua é como um grande guarda-roupa,
onde é possível encontrar todo tipo de vestimenta.(Karine apud Bagno,
p.129/130)
O
Curso veio a somar e me fazer refletir sobre a questão de rever a
singularidade de cada criança no sentido do aprendizado significativo e o
tempo a ele disponibilizado para a descoberta.
Já começo a mudar a estratégia no meu planejamento semanal na
elaboração das atividades, a exemplo dos vinte e oito alunos de primeira
série, em que três delas nunca foram a escola e que representa a letra e
número como sinais gráficos sem atribuir significados algum a elas,
como já levei jogos de ache encaixe, cruzadinha móvel , bingo do próprio
nome , reservando para os mesmos um horário para acompanhamento
individual pensando nas intervenções para que ocorra o estalo tão bem
colocado por Lev Vigotsky. Sei que é muito fácil, eu falar, embora venho
comprovando na prática que o ideal do real traz barreiras a serem
quebradas e difíceis diante de um grupo nessa idade que todos requerem
atenção e intervenção a todo momento. O importante é acreditar que faço a
diferença mediante a tantas imposições e desrespeito por parte dos
donos do poder que ainda não caiu a ficha e teimam em reger a massa
manipulando a educação, acreditando estar se beneficiando,mas que ao
contrario, estão colhendo cadeias, orfanatos, febem. Infelizmente a
grande maioria dos professores não sabe dá o grito de alerta e resulta
que uns gatos pingados mandam, outros tanto obedecem, outras quotas
criam e o professor excuta numa boa o comando de todos. Às vezes na
escola onde trabalho sou taxada de pidona insistente e até de chata .A
minha resposta e simplificada: - cobro, conforme as cobranças que a mim
são feitas.Mesmo sabendo que no total não é resolvido devido a um
paradigma fala X ação de entidades da educação, vou refletindo sobre as
várias povoações desse curso proposto por Karine e vou procurar fazer
com que as crianças povoem as suas singularidades, não somente para
armazenar dados e fatos, mas para descentralizar os acessos a
aprendizagem, como disse Sant’Ana na citação referenciada por karine “A
informação é polifônica, polivalente, dialógica” (...) Hoje o saber
provém de vários centros, de fontes múltiplas simultaneamente (...)
(Karine apud Sant’Ana, 2001)
Eu como professora/educadora tenho que entender que escola e
comunidade tende a andar juntas, ou seja, para entender o global
primeiro tenho que saber de que lugar eu estou inserido como ser
indissociável da história passada e presente. E se assim pensamos e
agimos em conjunto com nossas crianças na escola, o ensino tende a
melhorar. Por esse motivo afirmo que, cursos como esse ministrado por
Karine, só vem a calhar para aliviar mais minhas angústias, incertezas e
busca do acerto, mesmo sabendo que essa busca tem um preço a curto,
médio e longo prazo.
Referencias
AANDRADE,
M. M. de. & MEDEIROS, J. b. (2004) . Comunicação em língua
portuguesa: para os cursos de jornalismo, propaganda e letras. – ed. –
São Paulo: Atlas
BAGNO, M. (2001) Preconceito Lingüístico-Que é, Como se Faz: Adescontrução do preconceito lingüístico. São Paulo: Loyola
PEREIRA, Maria Teresa Gonçalves (UERJ) . O professor de Língua Portuguesa: modos de ensinar e apre(e)nder.
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