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Rtelato de experiencia: O PROJETO -A SALA DAS MIL MARAVILHAS COMEÇOU ASSIM:

Senhores leitores,

Como professora que sonha com uma educação pública de qualidade, com escolas mais dignas nos bairros periféricos do meu município, com um um maior reconhecimento profissional peço, leia com carinho esse relato enviado ao “Prêmio Professores do Brasil” e ao 1º Concurso ”Ambiente de Educação- Sequências Didáticas” como também o histórico desse bairro que foi levantada junto às crianças e ajudem na ampliação dessa escola, e que ela não passe a ser mais uma “escola”, e sim, um ponto de referência, um cartão postal para esses jovens e crianças que aqui habitam.


Obrigado


Não almejo cargos além da minha capacidade, mas almejo sonhar alem das minhas possibilidades.
( vera)


  • Obs.: se desejarem ler o texto em fonte maior, vá em exibição e em zoom
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Esse espaço é da capa original

 
PRÊMIO PROFESSORES DO BRASIL- 3ª EDIÇÃO
SÉRIES/ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL







VERA LUCIA VASCONCELOS PEREIRA
UMA SALA DIFERENTE: A SALA DAS MIL MARAVILHAS









Irecê/Bahia
2008



  • Ensino Fundamenta/Séries iniciais
  • Município de Irecê, Estado da Bahia
  • Profª: Vera Lúcia Vasconcelos Pereira
  • Grupo 09 Turno: matutino. Turma B
  • Direção Maria de Fátima Coutinho e Alexandro Pereira da Silva
  • Coordenação: Alessandra Rosa Rodrigues
  • Projeto: Uma Sala Diferente- A sala das Mil Maravilhas
  • Disciplina: Filosofia
  • Duração: 1º, 2º, 3º e 4º bimestres/2008
  • Síntese


Esse trabalho foi pensando após ouvir os relatos das crianças logo nas primeiras semanas de aula, quando desenvolvia as avaliações diagnósticas no intuito de conhecer a realidade delas, tanto de aprendizagem, quanto da comunidade na qual estavam inseridas. Os relatos me comoveram quando diziam que seu maior sonho era ter uma escola diferente, quando perguntei diferente em que, elas não hesitaram em dizer que queriam uma escola bonita e uma sala alegre que tivesse brinquedos, livros, computadores, vídeo game, parquinho porque os pais eram pobres e não tinham nem o que comer direito. Resolvi fazer uma visita ao bairro e conversei com alguns pais. E de fato, a carência é estarrecedora. A situação sócio-econômica é precária, ouvir mães dizerem que na maioria das vezes a comida do filho era a merenda da escola. A escola por sua vez também não oferecia condições dignas para recepcionar essas crianças e jovens. Constatei que ali, além da deterioração em relação ao aspecto físico do prédio, não dispunha de uma biblioteca, salas adequadas, carteiras dignas, material de apoio pedagógico para subsidiar o trabalho do docente e discente. Esses fatos fizeram com que eu pensasse em algo que viesse a sanar em parte a problemática. Surgiu a idéia do Projeto Uma Sala Diferente, intitulado posteriormente pelas crianças “A Sala das mil maravilhas”. O meu objetivo maior com esse trabalho foi oportunizar aos alunos e alunas a serem participantes ativos das ações sociais para que de fato houvesse a transformação do ambiente “sala de aula” num lugar agradável, bonito e aconchegante em que as tomadas de decisões fossem em parceria com a família, escola e comunidade. E está sendo gratificante mais uma vez em quatro anos consecutivos constatar que essa prática - educativa vêm dando certo, mas vale ressaltar que o êxito maior está tendo com essas crianças numa escola diferente com realidade diferente. E que realmente necessitam de alguém que lhes dê a mão e ajude a trilhar os caminhos dos sonhos, da luta e da esperança através de uma educação pública de qualidade. E meu município está caminhando para que isso aconteça, quero acreditar que essa realidade tão dolorosa mude, e que essa escola, única no bairro, venha a ser o cartão postal para essas crianças e jovens. Certeza, tenho eu, que estou semeando um grãozinho num pedaço de terra fértil, mas também me alegro em dizer que projetos já estão em andamento para a melhoria das escolas públicas dos bairros periféricos.Oxalá não morra a idéia.
SUMÁRIO
OBJETIVOS________________________________________________________________ 07
DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA_________________________________________________ 08
CONTEXTUALIZAÇÃO________________________________________________________ 09
JUSTIFICATIVA_____________________________________________________________ 11
DESENVOLVIMENTO________________________________________________________ 11
RESULTADOS OBJETIVOS______________________________________________________ 14
AVALIAÇÃO_______________________________________________________________ 14
REFERÊNCIAS______________________________________________________________ 16
ANEXOS__________________________________________________________________ 18
  • Justificativa
  • Na comunidade na qual esta inserida a escola, os moradores são de baixa renda, e além de não possuírem o hábito da leitura, as famílias não têm condições financeiras para propiciar aos filhos uma vida digna e muito menos comprar livros e brinquedos.
  • A situação das famílias é de pobreza total. A escola ainda não dispunha de material para ajudar a sanar as carências de aprendizagem das crianças. Pensando em criar na sala de aula um ambiente agradável, que possibilitasse o acesso a livros e outros meios de atividades prazerosas, e acreditando que a cidadania enquanto esforço educativo desenvolve um pensar crítico, criativo e sensível ao contexto escolar, através do desenvolvimento de ações sociais que envolvam a família e comunidade nos processos educativos da escola, sugeri aos alunos e alunas de nove anos de idade, pensar a sala de aula como um ambiente bonito, alegre como eles queriam, para que de fato, ocorresse a aprendizagem de maneira prazerosa e significativa
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  • Objetivo geral: criar um ambiente inovador, um lugar aconchegante propício à aprendizagem significativa em que as tomadas de decisões sejam em conjunto com alunos, professora e escola com a participação da família e comunidade no geral.
  • :Desenvolvimento
Acreditando que com essa metodologia, seria possível elaborar os projetos, e posteriormente planos de aulas que atendessem as especificidades dos alunos e alunas, e que, os mesmos fossem co-participes, lancei três questionamentos dentro da área de Filosofia:
· Que escola vocês querem?
· Que professora você espera?
· Que aluno eu sou?
O questionamento primeiro gerou mais participação da turminha, eles diziam querer uma escola bonita. Quando perguntei – bonita em que sentido, as idéias se diversificaram - uns diziam querer a sala com cadeiras novas e macias, as paredes cheias de coisas bonitas, esteiras, almofadas, tapetes, computadores, outros deram idéia de um lugar bem lindo cheio de livros, gibis e brinquedos
Várias atividades foram desenvolvidas, como:
  • levantamentos de idéias, (diziam querer uma sala com esteiras pintadas, tapetes com almofadas e livros, mesinha com maquiagem, brinquedos, a sala pintada com letras e desenhos bonitos nas paredes
  • elaboração do plano de ação ; reuniões com a direção da escola, entre eles e eu a ; envio de cartas coletivas ao comércio local, Secretaria de Educação, prefeito, amigos da professora;
  • Irecê, 07 de Março de 2008
Senhora Secretária de EducaçãoSoraya Pinto
Nós alunos da escola Luiz Viana Filho da 3ª série, grupo 09B, estamos desenvolvendo o Projeto “A Sala das Mil Maravilhas” para fazer da nossa sala um lugar bonito, xique, alegre e sem sujeira, por isso pensamos em criar e montar os cantinhos da maquiagem, dos livros, dos gibis, dos DVDs e dos brinquedos.
O nosso bairro é necessitado, mas as pessoas são felizes, e nós queremos trazer mais alegria e felicidade para a nossa escola.
Nós sonhamos em ter brinquedos na sala para brincar na hora do recreio e quando terminar as tarefas de aula, mas não temos nem aqui na escola e nem em nossas casas.
Gostaríamos de saber se pode nos ajudar doando uns brinquedos ou uns livros, uns gibis e umas maquiagens. Podem ser novos ou usados.
Obrigado por compartilhar com a gente.
Um abraço
Alunos e alunas do grupo 09 B
Professora Vera Vasconcelos
A partir daí já percebo uma melhora significativa no comportamento, não é mais agressivo como antes, as brigas já começam a diminuir e os pais que quase não vinham à escola, começam a participar doando almofadas, tapetes feitos de retalhos de pano.
  • montagem dos cantinhos - eles criaram estratégias para construção, como pedir os blocos, esteiras, cestos, tábuas na comunidade, com isso se sentiam cidadãos participantes do processo;
  • A matemática foi usada como auxiliadora permanente nas ações desenvolvidas, como construções de tabelas e gráficos para anotações e contagem das garrafas, das doações em livros, gibis, Dvds, brinquedos, e maquiagens.Envolveu as quatro operações, quando nas resoluções de cálculos para saber as quantidades de materiais em cada canto, em nome e quantidade do doador, encontrando o subtotal e total
  • Foram organizados cadernos para anotações de empréstimos, doações e tombamento do material recebido ou comprado (gibis, livros de literatura, Dvds,maquiagens, jogos e brinquedos
  • Foi criada estratégia de organizar a limpeza e arrumação dos cantinhos criados e votados Gibiteca intitulado- Sorri Com Gibi, onde fica a esteira, almofadas e o cesto com os gibis;
  • Maquiagem de nome - O brilho do olhar, o lugar da mesinha ornamentada onde eles colocam a maquiagem doada, espelho, pentes;
  • Brinquedos e jogos - batizado com o nome – Brincar e aprender pra valer, nesse fica a caixa, de brinquedos enfeitados por eles; Baú encantado- nome do cantinho onde fica o baú, tapete, os livros, as almofadas, como também regras de uso de cada lugar;
  • Relatar os acontecimentos foi um ponto fundamental na escrita funcional;
  • Permanecem em constante contato com livros, gibis e outros meios de diversão disponível na sala;
Como o projeto foi pensado em Filosofia e desencadeou mais para produções escritas, expressão oral e leituras, está sendo desenvolvido com maior ênfase em Português interdisciplinado com Filosofia, Matemática e Arte. As ações são pensadas em Filosofia, os passos de produções orais e escrita e de leitura (reuniões, relatos. bilhetes, convites, cartas, auto- avaliação, listagens, anotações, momentos de leituras se dava na matéria de Língua Portuguesa. Organizar e embelezar o espaço entrou em Arte
  • Foi usada a máquina fotográfica digital para registrar passo a passo a construção. Com essas fotos eu preparo slids com efeitos para eles assistirem posteriormente e doar para a dvdteca, bem como facilitar no relato das aulas. (VÊ O VIDEO EM http://verocamemorias.blogspot.com )
  • Esse trabalho está se expandido, são levados os cantinhos um dia na semana ou bimestre à Praça Pública para uso da população. Percebo com essa atitude que as pessoas gostam de ler e estão começando a irem ler na praça (fotos e depoimentos em anexo).
  • No Concurso Literário promovido pela Secretaria de Educação, em que todas as Escolas Públicas Municipais participam concorrendo a prêmios conforme cada modalidade de criação e produção de textos, as leituras no Cantinho “Baú Mágico” contribuiu para o incentivo à produção e enriquecimento de texto, no caso do grupo 09 (3ª série) são votados dois textos para publicação no “Jornal O brasileirinho.” As duas crianças autoras dos textos aos quais me refiro despertaram mais cedo o gosto pela leitura chega a levar de dois a três livros semanais para casa. Percebe-se ao ler as duas produções dessas crianças que elas falam da sua realidade enriquecida pelas histórias que lêem nos livros do baú.
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  • Avaliação


Os alunos e alunos sentam em rodinhas para socializar o que aprenderam e o que ainda precisa melhorar no que diz respeito ao comportamento;
A avaliação individual é feita através de relatos e depoimentos a partir de um ou mais questionamentos;
Na fala, a linguagem culta é visível;
O comportamento violento no que diz respeito às agressões verbais e corporais estão sendo sanadas;
Já tomam decisões, as aulas são dialogadas, antes não paravam para ouvir;
As produções de textos são mais enriquecidas, já escrevem com coerência. Fazem auto-avaliação das ações em desenvolvimento, e o mais gratificante, listam comigo o que precisa ser melhorado;
O que ainda está me trazendo grande angústia, são os erros de ortografia, mas venho criando estratégias de correção através do incentivo de publicação dos seus textos nos murais da escola, jornais local, meu blog, http://http://planoseprojetosdesalacom,http://veroca2003.blogspot.com envios de cartas. Quanto as revisões de textos é feito no coletivo, em dupla - um ajudando ao outro.
Como revisar texto é demorado e requer tempo, estou tirando duas horas na semana para acompanhar individualmente quatro alunos fazendo as intervenções necessárias às duvidas de escrita e sempre fazendo uso do dicionário.
Constatei o quanto as crianças são sábias ao falar e opinar, e sabem de fato, o que foi ruim e bom. Aqui vou de encontro com Celso Vasconcelos quando disse numa entrevista cedida a Revista Nova Escola:
No fundo, gostaríamos de chegar ao ponto em que o aluno desenvolvesse a competência de se auto-avaliar e avaliar o trabalho do professor. Isso é importante porque o aluno passa a se localizar no processo de aprendizagem. Essa é a verdadeira construção da autonomia que a educação moderna visa (VASCONCELOS, 2007)

Essas atitudes foram baseadas nos ensinamentos que obtive através da minha formação enquanto educadora, A mim foi proposto o Curso de Licenciatura em Pedagogia, uma parceria com a Faculdade de Educação de Universidade Federal da Bahia e a Prefeitura Municipal de Irecê, (2003-2006) que atendendo a demanda de um grupo de professores da Rede Municipal, foi possível a formação dos professores que muito vêm contribuindo para o meu pensar em relação ao ensino/aprendizagem. Hoje meu pensar e agir não é mais como dantes, não era uma professora que sabia enriquecer a prática de sala de aula com a teoria, não tinha o hábito de ler, não sabia me posicionar diante dos pacotes prontos, muitas vezes encaminhados pra se desdobrar, sem analisar direito se estava de acordo com a realidade do aluno ou não.
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